MANUEL DE PORTUGAL
( Portugal)
D. Manuel de Portugal (1516 – 1606), comendador de Vimioso e de São Pedro de Calvelo, foi um poeta e diplomata português do século XVI. Filho de D. Francisco de Portugal, 1º conde de Vimioso, e de Joana de Vilhena, tornou-se um homem influente, tendo sido embaixador de Portugal em Castela e Provedor das Terças do Reino.
Foi um dos partidários de D. António Prior do Crato.
Entre suas obras conhecidas encontram-se 17 livros de canções, odes, endechas, oitavas, etc. escritas em castelhano, a maioria sendo de conteúdo moral e ascético. A coletánea Obras de Don Manoel de Portugal, publicada em 1605, encerrava-se com um Tratado breve da oração escrito em português. No tratado, Dom Manuel sumariza as doutrinas dos maiores pensadores cristãos sobre a oração, em especial as de S. Tomás e S. Boaventura.
Era poeta laudado pelos seus pares: Sá de Miranda lhe dedicou sua écloga Encantamento e Luís de Camões, na Ode VII, considerou-o merecedor de "glória imortal".[3] Seu poema Aquella voluntad que se ha rendido, escrito por volta de 1555 para sua amada Dona Francisca de Aragão, encontra-se musicado no cancioneiro de Elvas e no de Belém.
SONETO
Já tempo foi que meus olhos faziam
alegres novas ao pensamento;
já tempo foi que o sentimento
gostava do que eles diziam.
Amor e saudade então faziam
no contente peito ajuntamento;
esperança e firme fundamento
os falsos argumentos desfaziam.
Tornou-se a minha ninfa inumana,
feriu-me com descuido , de dous gumes;
o grave mal, ó crua Feliciana,
tem aparência de ciúmes,
e certo não o são, nem tal me dana,
mas são de minha fé justos queixumes.
SONETO DE DON MIGUEL DE PORTUGAL
A formosura desta fresca serra
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda tristeza se desterra,
o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do sol polos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens polo ar a branda guerra;
e enfim, tudo o que a rara natureza
com tanta variedade nos oferece
me está (se não te vejo) magoando.
Sem ti tudo m´anoja se m´avorrece,
sem ti perpetuamente estou passando
nas mores alegrias, mor tristeza.
OUTRO SEU
Por mais que o brando rio ante a espessura
ora se deixe ver, ora se esconda,
e nos vales fengidos que responda
pareça eco Apeles na pintura;
e por mais que toda criatura
natureza aos olhos corresponda,
ou na terra esmaltada, ou mar sem onda
variando encareça a fermosura;
das flores e verdura que aparece
por mais que a fértil cópia o campo vista,
por mais que em céu a terra ver se ofrece
e eu tão longamente em vê-lo ensista,
só em vos imaginar a alma esparce,
em vossos olhos sós descansa a vista.
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Página publicada em abril de 2022
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